sexta-feira, 12 de junho de 2015

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"Às folhas tantas do livro de matemática, 
um quociente apaixonou-se um dia doidamente por uma incógnita. 
Olhou-a com seu olhar inumerável e viu-a, do ápice à base. 
Uma figura ímpar olhos rombóides, boca trapezóide, 
corpo ortogonal, seios esferóides. Fez da sua uma vida paralela a dela até que se encontraram no infinito. 
"Quem és tu?" - indagou ele com ânsia radical. 
"Eu sou a soma dos quadrados dos catetos, 
mas pode me chamar de hipotenusa". 
E de falarem descobriram que eram o que, em aritmética, 
corresponde a almas irmãs, primos entre-si. 
E assim se amaram ao quadrado da velocidade da luz 
numa sexta potenciação traçando ao sabor do momento e da paixão retas, 
curvas, círculos e linhas senoidais. 





Nos jardins da quarta dimensão, 
escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclidianas 
e os exegetas do universo finito. 
Romperam convenções Newtonianas e Pitagóricas e, enfim, 
resolveram se casar, constituir um lar mais que um lar, 
uma perpendicular. 
Convidaram os padrinhos: 
o poliedro e a bissetriz, e fizeram os planos, equações e diagramas para o futuro, 
sonhando com uma felicicdade integral e diferencial. 
E se casaram e tiveram uma secante e três cones muito engraçadinhos 
e foram felizes até aquele dia em que tudo, afinal, vira monotonia. 
Foi então que surgiu o máximo divisor comum, 
frequentador de círculos concêntricos viciosos, 
ofereceu-lhe, 
a ela, uma grandeza absoluta e reduziu-a a um denominador comum. 
Ele, quociente percebeu que com ela não formava mais um todo, uma unidade. 
Era o triângulo tanto chamado amoroso desse problema, 
ele era a fração mais ordinária. 
Mas foi então que Einstein descobriu a relatividade 
e tudo que era espúrio passou a ser moralidade, 
como, aliás, em qualquer Sociedade ..."




Millôr Fernandes